17 de setembro de 2017 – 24º Domingo do Tempo Comum – Ano A

Convivemos mais com os outros, neste tempo de férias em que ficamos mais livres das ocupações habituais.
É precisamente nesta altura que encontramos em nós, com mais insistência, sentimentos contrários: desejamos manter a nossa personalidade, mas assusta-nos o sermos e agirmos diferentemente dos outros.
E, no entanto, o Senhor continua a dizermos que temos por vocação sermos fermento do mundo, sal da terra e luz no meio das trevas.
Desta vocação nos fala a Liturgia da Palavra deste 24º Domingo do tempo comum.

As contradições do ambiente em que vivemos

Vivemos continuamente em reta de colisão com a mentalidade do ambiente, com o pensar e agir do meio em que vivemos.

Na mentalidade em que se vive hoje, é proibido ser diferente dos outros, pensar de modo diverso e, como consequência, sentimos uma grande pressão psicológica para nos configurarmos com o modelo único.

Isto é tanto mais de admirar, quando ouvimos proclamar em cada instante a liberdade pessoal, expressa na fórmula: «É proibido proibir!»

Se nos deixássemos levar por estas exigências, poríamos em causa um princípio fundamental da fé: onde estaria a nossa missão de fermento, de sal e de luz para um mundo novo.

O exemplo dos primeiros cristãos

Não foi conformando-se com o ambiente de então que os primeiros cristãos modelaram um mundo novo. Revolucionaram os costumes, santificaram as festas e fermentaram o mundo para o respeito pelos direitos humanos.

Fizeram-no em circunstâncias imensamente mais difíceis do que aquelas em que vivemos hoje. Não podiam manifestar a sua condição de cristãos, porque, o fazê-lo, custar-lhes-ia a vida.

A escravidão da moda no vestir, afecta sobretudo a mulher. Mas o homem também não fica isento desta pressão social: no perdão das ofensas, na fidelidade matrimonial, na seriedade dos negócios e no uso racional dos bens à sua disposição.

Também o respeito humano sufoca na garganta as convicções cristãs e vive-se, muitas vezes, uma vida dupla.

Uma falsa compaixão e respeito pela liberdade, leva as pessoas a estar de acordo com as atitudes mais absurdas. Pense-se, por exemplo, no drama que se vive à volta dos problemas que se relacionam com a vida humana: o aborto, – crime encoberto com a expressão «interrupção voluntária da gravidez» –, com a eutanásia – enfeitada com a mentira do «direito a morrer com dignidade»; em tudo o que diz respeito à origem da vida, pelas expressões «sexo seguro» e uso de todas as drogas como se a pessoa humana vivesse livre de qualquer norma moral.

Teima-se em viver cristianismo sem Cristo

A par disto, muitas pessoas continuam a teimar em chamar-se católicas, embora as suas vidas nada tenham a ver com o cristianismo.

O Senhor pede-nos a fortaleza do «Servo de Iavé».

Precisamos, além disso, de vencer o medo ao sofrimento corredentor. Somos a família dos filhos de Deus que vive, na teoria e na prática, a comunhão.

Procuramos viver duas virtudes: a fortaleza com que vencemos o medo e a generosidade com que ajudamos os outros, tantas vezes em dificuldade de salvação eterna.

Aqui encontramos o natural e normal medo ao sofrimento, exagerado pela falta de fé, de confiança em nossa filiação divina.

Com efeito, se não espero mais nada para além da morte e se o que sofro é para mim e fica apenas em mim, que força me poderá levar a não procurar uma vida cómoda, irresponsável diante os males alheios?

O Salmo responsorial é uma oração magnífica para cantarmos muitas vezes ao dia: Caminharei na terra dos vivos na presença do Senhor.

Fé inabalável em Jesus Cristo e uma intimidade crescente com Ele

Hoje muitos consideram Jesus Cristo como um homem bom, bem intencionado, mas não passam além desta superficialidade.

Encaram a Sua doutrina como um conjunto de bons conselhos que tentam seguir quando lhes convém e não exigem qualquer sacrifício.

A vida presente passa inevitavelmente pelo mistério da Cruz. A confissão de Pedro na divindade de Jesus Cristo foi inspirada pelo Espírito Santo, e o Mestre escolheu este momento para fazer a revelação do mistério.

Mas tem o cuidado de não separar esta verdade do mistério da Cruz, e passa imediatamente a falar da Sua Paixão, Morte e Ressurreição. Ele nunca separa estas três verdades porque, de facto, são inseparáveis.

No entanto, nós sentimos a tentação de as separar, como fez Pedro.

Participamos na vida de Cristo, e formamos um só corpo com Ele. Por isso, somos corredentores dos nossos irmãos. É urgente ajudá-los a mudar de vida, a converterem-se, a libertarem-se das suas peias, enquanto não passa o tempo válido para o fazer. Temos por diante um vasto programa de oração, mortificação e apostolado.

Um doente em estado terminal, uma pessoa idosa que vai ficando de cada vez mais dependente, não são pesos insuportáveis para a família, mas uma das maiores fontes de graças que ali jorram para a vida eterna de todos.

Todas as vezes que participamos na renovação do mistério pascal de Jesus Cristo, na Santa Missa, O espírito Santo aviva em nós esta verdade confortante.

Foi assim que Maria encarou ao pé da Cruz os sofrimentos do Servo de Iavé que é seu Filho.

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