16 de julho de 2017 – 15º Domingo do Tempo Comum – Ano A

Mais do que nunca, hoje somos convidados a refletir sobre a força da Palavra de Deus. Sabemos que o projeto do Pai é vida e liberdade. E a Palavra é o instrumento mais forte para chegarmos à realização desse projeto. Ela tem poder de realizar o plano de Deus, porque é Palavra divina, porque traduz quem é Deus (I leitura). Ela, manifestada plenamente em Jesus, provoca as pessoas à decisão: a favor ou contra. Posicionando-se a favor, as pessoas vencem os riscos e superam os conflitos, fazendo crescer e frutificar o Reino (Evangelho), que é tensão constante em direção ao mundo novo (II leitura).
Escuta da Palavra
No dia do nosso batismo foi dito sobre nós o «Ephphetha»: «O Senhor Jesus, que fez ouvir os surdos e falar os mudos, te dê a graça de em breve poderes ouvir a Sua palavra e professar a fé, para louvor e glória de Deus Pai».
Na nossa vida é verdadeiramente importante a escuta da Palavra. Uma escuta com o coração e inteligência que nos empapa e nos torna terra fértil e produtiva.
Essa Palavra lançada no nosso coração é também tarefa nossa. Ela precisa de ser comida, mastigada e digerida para que alimentando-nos no corpo e na alma nos faça enérgicos construtores do Reino.
A Palavra torna-se vida quando passada na autenticidade da oração. Torna-se oportuna quando sabe ler os sinais dos tempos. Torna-se profética quando livre, verdadeira, libertadora.
Mas a Palavra fez-se carne e habita no meio de nós. Torna-se para nós centralidade em Cristo Jesus, Palavra última e definitiva. Cristo, Palavra que ilumina o sentido mais profundo de Deus, do Homem e da História. Palavra feita partilha e alimento: faz crescer, cura, liberta, leva à acção e introduz na Vida Eterna. Palavra que permite a experiência única nos Sacramentos. Palavra que se torna ímpar e sem igual na Eucaristia.
Ver e Ouvir
O ver e ouvir são muito importantes para o discípulo. Enquanto vivemos na terra contamos sobretudo com o ouvir. É-nos pedido que escutemos e acreditemos. O nosso tempo será de escuta e fidelidade à escuta, e transmissão fiel do recebido.
Até a glória que se há-de manifestar em nós é oferta da palavra que nos permite acreditar que os sofrimentos do tempo presente não têm comparação com o acontecerá aos Filhos de Deus.
É por este escutar que nasce a fé, se alimenta e robustece. Felizes os que acreditam sem terem visto.
A Palavra conduz à conversão. Sulca o interior e penetra-o. Ilumina-o e desmascara-o. Impulsiona pela sua própria ação à mudança, a retificar, a converter. Ao anúncio e escuta da Palavra está sempre a relação com o arrependimento e a conversão. A pregação implica necessariamente um convite à conversão: arrependei-vos e acreditai na Boa-Nova.
No tempo atual o cristão não pode sossegar-se com o mero testemunho pessoal e silencioso. É necessário dar razões da nossa fé e da nossa esperança. Em tempo de tantos preconceitos e falsidades sobre a fé e o mistério de Cristo e da Igreja importa ter uma palavra, argumentação e discurso que diga das autênticas razões do Evangelho. A contrapor à cizânia do inimigo temos de propor a doçura e o alimento do formidável trigo da Palavra de Deus. Temos de construir a sociedade humana nos fundamentos do Evangelho, mesmo com o risco de ser esmagados e triturados.
O realismo
A escuta da palavra deve levar-nos à consciência que esta é a tarefa mais importante do discípulo. Daí a importância do seu conhecimento, estudo, análise e vivência.
Temos de ser realistas. Porque não fortifica em nós a Palavra? São as dificuldades interiores e exteriores: a preguiça, a falta de disponibilidade para ela, a secundarização da mesma, a ignorância, falta de estudo, de oração e de penitência. E ainda o maligno que impede por todos os meios o compromisso com a palavra, os cuidados do material, a imaturidade e falta de coerência, a busca da riqueza sem critérios evangélicos, a imoralidade da vida que levam à fuga, a alternativa doutras palavras preparadas para se imporem como opções de vida, a busca da aparente eficácia doutras palavras para uma afirmação do deus mais forte e mais capaz, em detrimento da Palavra crucificada, escândalo e vergonha.

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