10 de setembro de 2017 – 23º Domingo do Tempo Comum – Ano A

Nos Domingos deste mês de Setembro a palavra de Deus convida-nos a refletir sobre a dimensão comunitária da vida humana e da fé cristã.

Hoje adverte-nos da obrigação do anúncio da verdade para se construir uma comunidade, e da necessidade de praticar a correção fraterna para que essa comunidade se possa manter sadia.

Ambos os comportamentos precisam de coragem.

a. O profeta era, no antigo Povo de Deus, o homem incumbido de anunciar a mensagem de Deus ao povo, aos reis e aos sacerdotes. Houve casos em que o profeta também era sacerdote e rei, mas geralmente eram ministérios distintos.

Por vezes, o ministério profético tornava o profeta indesejado pelos destinatários e isso trazia-lhe sofrimentos e perseguições, pelo que o profeta tinha de ser homem especialmente corajoso. É essa advertência de Deus que escutamos na 1ª leitura, uma mensagem dirigida a Ezequiel, enviado aos hebreus durante o cativeiro da Babilónia para os chamar à conversão, despertando-lhes a consciência de culpados pela situação em que se encontravam.

b. No Novo Testamento, Jesus assumiu-se como o Profeta do Pai e, mais que isso, como a Palavra/pessoa, o Verbo do Pai, que vinha cumprir e completar a mensagem anteriormente dada a Moisés e aos profetas. Esse ministério trouxe-lhe perseguições, e, oficialmente, morreu pelo que ensinou.

c. Na comunidade cristã, todo o cristão é profeta, e sobre ele pesa o dever de anunciar e de corrigir fraternalmente. Essa dimensão nasce do batismo: na unção final da celebração, o cristão é declarado «participante de Cristo sacerdote, profeta e rei».

O exercício do anúncio cristão e a obrigação da correcção fraterna acerca de situações erradas, injustas e nocivas para a própria pessoa e para a comunidade pesam sobretudo sobre os responsáveis pelas comunidades: pais e os seus colaboradores, bispos, párocos e diáconos. Um tal exercício tem de ir envolto num clima de amor à pessoa que é advertida, evitando a humilhação desnecessária, o que requer especiais cuidados de prudência e oportunidade, como lembra o texto evangélico de hoje (Mt 18, 15-20). O sacramento da confissão e a vida de matrimónio são, fundamentalmente, um rosário desses exercícios.

d. Hoje, constitui especial obstáculo ao dever de advertir a errada compreensão do espírito de tolerância que leva à aceitação de tudo, e é obstáculo à aceitação da advertência o direito à autonomia e o falado direito à opinião pessoal. Esses sentimentos são, frequentemente, prolongamento do subjectivismo da cultura moderna, induzem à desobediência, desprezam a verdade objectiva e destroem a comunidade. Veja-se o que acontece na estrada, nos sectores do fisco, e o que pode acontecer no sacramento da comunhão e nas celebrações litúrgicas: afirmações religiosas e celebrações sem verdade eclesial.

O «gesto da paz» da Eucaristia não é um gesto de parabéns nem de felicitações nem de amizade entre conhecidos, mas é um ato de comunhão com quem está ao lado e a quem se desejando aquela paz profunda que só Deus pode dar.

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